Abundante na Amazônia, o camu-camu já é comercializado no Peru há várias décadas, onde o seu potencial econômico e nutritivo são explorados por comunidades tradicionais e chegam facilmente às feiras e supermercados, além de ser um produto para exportação. Mas aqui no Brasil, a fruta rica em Vitamina C ainda é quase uma desconhecida, como mostrou um estudo feito pelo Idesam em parceria com a CERTI.
O projeto Gargalos e oportunidades da cadeia do Camu-camu realizou o mapeamento inédito das ocorrências do fruto de forma natural na floresta, identificando 180 milhões de hectares com as condições ideais para a produção. No levantamento, o Pará é o terceiro estado com melhores condições para produção do camu-camu, atrás do Amazonas e Acre.
O Amazonas é o maior produtor da fruta no país, em seguida vem o estado de Roraima. Na região do Xingu, no Pará, a fruta já foi identificada em áreas alagadas, principalmente no município de Vitória do Xingu, onde cooperativas têm se destacado com a produção de polpa, licores, além da comercialização da fruta in natura.
Dados da pesquisa sobre o fruto mostram que o potencial do camu-camu, menosprezado no Brasil, já rendeu milhões em lucros no Peru. Em 2020 as exportações atingiram o recorde de 5 milhões de dólares, os principais mercados foram Estados Unidos (47%), União Europeia (17%), Japão (8%), Canadá (7%) e Austrália (7%).
Mas, apesar dos números super positivos, as empresas que comercializam a fruta para o exterior, enfrentam problemas para atender as demandas. Sem produção firme, e fornecedores regulares, o interesse do mercado mundial cresce a cada ano, mas de forma sustentável, não há como garantir esse abastecimento.
Contando com plantações nativas, o cultivo da árvore do camu-camu precisa de incentivo para que a fruta seja produzida em larga escala. Um passo importante para o desenvolvimento da cadeia produtiva veio com o apoio da Embrapa, que conseguiu desenvolver uma muda capaz de se reproduzir em terra firme. André Noronha defende que o projeto é uma forma de mostrar o valor que a floresta em pé e preservada tem para a economia do país.
Identificada como uma fonte nutritiva, o camu-camu é uma das espécies nativas da floresta, considerada de grande relevância para a recuperação de áreas degradadas. Um estudo encabeçado pela Universidade Federal do Pará, em 2023, já mostrava a árvore do camucamuzeiro que pode atingir até 4 metros de altura, como alternativa para a restauração de áreas descobertas de vegetação. Com o trabalho do IDESAM e da CERTI, os pesquisadores esperam fomentar o interesse de produtores no cultivo, e do mercado, para que o financiamento da cadeia produtiva se torne uma realidade.
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