A produção de cacau gerou quase 1 bilhão de reais para produtores da cidade de Uruará (PA). O valor da amêndoa vem se valorizando cada vez mais ao longo dos anos.
O momento é de comemoração no campo. Em julho de 2025, o quilo do cacau seco está valendo R$ 45. Com esse preço, basta colher 33 quilos para garantir um salário mínimo de R$ 1.518.
Em 2000, o quilo não passava de R$ 2, e o salário mínimo era de R$ 151. A diferença mostra o quanto a realidade mudou.
A mudança veio com muito trabalho. Segundo a CEPLAC, só em 2024, a produção de cacau em Uruará movimentou mais de R$ 945 milhões. Foram quase 19 mil toneladas colhidas.
A lavoura gera 8.543 empregos diretos e mais de 34 mil indiretos. São 3.160 famílias trabalhando em mais de 28 mil hectares, quase todos em sistema agroflorestal.
PRODUÇÃO DE CACAU EM URUARÁ:
A produtividade média é de 956 quilos por hectare ao ano, com uma renda bruta de R$ 47.800 por hectare. Em 2024, mais de 356 mil mudas de sombra foram plantadas, e 1,3 milhão de sementes híbridas foram distribuídas para 336 agricultores. Mais de 712 mil árvores estão em regeneração, com preservação ambiental garantida.
Mesmo com tantos avanços, os desafios persistem. Doenças como a podridão parda ainda afetam a produção, exigindo mais manejo e prevenção.
Outro ponto crítico é a distribuição do lucro: apenas 6% da receita gerada pelo cacau fica nas mãos dos produtores. O restante vai para indústrias e comerciantes que dominam o processamento e a comercialização dos derivados.
Hoje, 90% do cacau produzido em Uruará e nos municípios vizinhos é processado na Bahia. Se houver barreiras sanitárias ou problemas no transporte, o escoamento pode ser prejudicado.
Para evitar isso, especialistas recomendam criar indústrias locais, investir em prevenção de pragas e garantir o livre trânsito da produção.
A região da Transamazônica lidera a produção de cacau no Pará. Cinco municípios concentram mais de 85% de tudo que o estado produz. Medicilândia é o maior produtor, com cerca de 48 mil toneladas por ano.
Depois vem Uruará, com 20 mil. Em seguida aparecem Anapu com 12 mil, Brasil Novo com 8 mil, e Placas, com produção entre 7,7 e 12,8 mil toneladas por ano.