Jovens bem sucedidos e de uma família conhecida na região. Fabrizia, Daiane Cristina e Celso Trzeciak Filho são moradores do município de Medicilândia – distante 90 km de Altamira. Além de dividir o mesmo sobrenome, os jovens fazem parte do mesmo cadastro, o de aprovados no Auxílio Emergencial do governo federal.
O programa foi criado para garantir uma renda mínima aos brasileiros em situação mais vulnerável, durante o período de pandemia da Covid-19. Três parcelas de R$600 foram liberadas pelo governo federal, e mais duas aprovadas no último mês.
Apesar de levarem uma vida aparentemente luxuosa, com viagens e passeios em pontos turísticos pelo país, o nome de Fabrizia, Daiane Cristina e Celso aparecem no portal da transparência como beneficiários do auxílio, com cadastro aprovado e dinheiro depositado em conta.
As denúncias de fraude no cadastro em todo o Brasil estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Segundo o tribunal de contas da união, 8,1 milhões de brasileiros podem ter recebido de forma ilegal o dinheiro, o que pode ser o caso dos jovens da família Trzeciak .
Daiane Cristina é servidora pública, perfil que não consta nos critérios exigidos pelo governo federal para liberar o recurso. Ela trabalha como coordenadora em uma escola de ensino fundamental localizada no km 80, na Agrovila Nova Fronteira. Em seu local de trabalho, não conseguimos encontrar a servidora.
Nós só conseguimos contato com a servidora através de um aplicativo de mensagens. Durante a conversa pergunto sobre o nome dela que consta na lista de beneficiários do auxilio. Ela responde com uma outra pergunta “só eu?“ e nos diz que milhares de pessoas receberam o benefício de forma irregular, e afirma que tem conhecimento que "várias pessoas assalariadas tiveram acesso ao valor" e afirmou ainda que "os dados fornecidos durante o cadastro não passam por averiguação e que centenas de servidores públicos tiveram o recurso aprovado". Mas ao perguntar se ela havia recebido, Daiane não responde o questionamento.
Já os irmãos Fabrizia e Celso Filho, que segundo vizinhos moram em uma residência que pertence ao pai Celso Trzeciak, atual prefeito de Medicilândia, não foram encontrados. Por uma mensagem de áudio, o prefeito informou que os filhos são adultos e tem vidas independentes.
Mas, por mensagem, Fabrizia, que é influenciadora digital, explicou que ela e o irmão fizeram o cadastro durante uma brincadeira entre amigos, mas que acreditavam que não seriam aprovados. Ao verificar que o dinheiro havia sido depositado, eles não teriam feito o saque na tentativa de que o recurso retornasse ao governo e que só conseguiram verificar que havia uma forma de devolver, após a equipe de reportagem entrar em contato com a família.
Fabrizia disse ainda que o valor já havia sido devolvido, como mostra o boleto bancário no valor de R$1200 apresentado por ela. A data do documento é do dia 26 de junho, mesma data em que a equipe de reportagem procurou a família para apurar as denúncias.
O vereador Fredson, do partido PSDB, comentou sobre as denúncias de irregularidades no município. “Muitas pessoas na cidade estão passando necessidade. Lamento muito essa situação”.
Como devolver
Quem recebeu o valor indevidamente pode ligar para 121, e devolver o dinheiro, ou, denunciar uma pessoa que esteja recebendo indevidamente. Em caso de investigação, e comprovada a fraude, a pessoa pode responder pelo crime de estelionato contra o poder público, que prevê pena de 1 a 6 anos de reclusão.
Confira a reportagem completa.
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(Reportagem Karine Weil)
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