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Transtorno do Sono: O Alerta que Antecede Doenças Neurológicas

O distúrbio pode passar despercebido ou ser confundido com outras condições

Flávia Souza
Por: Flávia Souza
15/04/2025 às 13h45
Transtorno do Sono: O Alerta que Antecede Doenças Neurológicas
https://misteriosdomundo.org/cientistas-descobrem-sonho-que-pode-ser-um-sinal-precoce-de-demencia-em-quase-todos-os-casos/

Um novo distúrbio do sono tem chamado a atenção dos médicos, pois está fortemente ligado a doenças neurológicas como Parkinson e demência. Esse distúrbio se chama transtorno comportamental do sono REM (ou RBD, na sigla em inglês) e afeta mais de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos e cerca de 80 milhões no mundo.

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Quem tem RBD costuma apresentar comportamentos estranhos durante o sono, como falar, gritar, rir, xingar ou até se mexer como se estivesse vivendo o sonho. O que mais preocupa os especialistas é que esse transtorno pode ser um dos primeiros sinais de problemas mais sérios, como Parkinson ou demência. Pesquisadores do hospital Mount Sinai descobriram que, em quase todos os casos, o RBD aparece antes dessas doenças.

Um dos maiores obstáculos é o diagnóstico, pois o distúrbio pode passar despercebido ou ser confundido com outras condições. Muitas vezes, a própria pessoa nem percebe que está tendo esses comportamentos, já que tudo acontece enquanto ela dorme. Em casos mais graves, os movimentos podem ser tão intensos que causam machucados na pessoa ou em quem dorme ao lado.

Os cientistas acreditam que a ligação entre o RBD e doenças neurológicas tem a ver com a inflamação de áreas do cérebro que produzem dopamina — uma substância essencial para o funcionamento do sistema nervoso. Tanto no Parkinson quanto na demência, essas regiões do cérebro acabam se deteriorando, reduzindo a produção de dopamina.

Para melhorar o diagnóstico, pesquisadores estão usando inteligência artificial. Cientistas dos EUA, com base em estudos da Universidade Médica de Innsbruck, na Áustria, criaram um sistema que analisa exames de sono com ajuda de vídeos. Esse método atinge uma precisão de 92% na identificação do RBD.

Além dos comportamentos durante a noite, o RBD pode afetar o dia a dia da pessoa. Muitos relatam sentir muito sono ao acordar e ficarem sonolentos ao longo do dia. Também podem surgir dificuldades em aprender coisas novas, manter o foco, conversar, reconhecer objetos corretamente ou lidar com emoções de maneira comum — todos os sinais que podem aparecer no início da demência.

A equipe de pesquisa acredita que essa análise automatizada pode ajudar médicos a entender melhor cada caso e oferecer tratamentos mais específicos. Assim, é possível agir mais cedo em casos de doenças neurológicas em desenvolvimento.

Com tantas pessoas sofrendo de demência no Brasil, essa descoberta é um avanço importante para entender como os distúrbios do sono podem estar ligados a problemas neurológicos. Identificar esses sinais com antecedência, por meio do sono, pode abrir novas portas para acompanhar e cuidar melhor da saúde dessas pessoas.

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