A mãe, que não será identificada na reportagem, aceitou conversar com a nossa equipe de reportagem por telefone, já que permanece internada no Hospital Geral de Altamira sob observação, com risco de hemorragia. Ela mora no município de Medicilândia, sudoeste do Pará, e estava grávida de um menino quando começou a sentir contrações e decidiu procurar atendimento médico no Hospital Municipal da cidade na manhã do dia 25 deste mês.
“Foi no sábado (25), eu fui para o hospital, aí chegando lá eles fizeram o toque e o ‘doutor’ disse que eu tava com dois centímetros, aí ele me mandou para Altamira, porque lá não tinha cirurgião.”, explicou.
De Medicilândia, a paciente enfrentou mais de 80 km em uma ambulância e veio direto para o Hospital Geral, no bairro Mutirão, em Altamira. Ao chegar, ela afirma que durante o atendimento foi informada de que não tinha dilatação e foi orientada a ir para casa e retornar depois, mesmo sentindo contrações fortes.
“Aí me mandaram embora para casa, aí como eu não tinha onde ficar em Altamira, eu voltei, na mesma ambulância que tinha trazido outra paciente. Aí quando deu no domingo (26), eu fui ao hospital de novo e disseram que só teria o Dr. Júlio operando. Eu passei a noite todinha ruim, eu tive contração a noite todinha, aí cheguei lá eles me mandaram para cá às pressas e quando foram ver o bebê ele já tava oscilando e eu não tava com o colo do útero aberto, quando eu cheguei aqui no hospital, fizeram uma cirurgia de emergência e o bebê já tava morto na barriga.”, falou.
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais, onde foi apontado como um possível caso de negligência médica. Em resposta, o secretário de Saúde de Medicilândia, Deywis Daniel, e a diretora do hospital, Leidiane Maia, gravaram um vídeo falando sobre o ocorrido. Na gravação eles afirmam que a gestante foi atendida por um médico em Medicilândia, que, por se tratar de uma gestação de risco, decidiu encaminhá-la ao HGA em Altamira.
"O nosso hospital em Medicilândia realiza 500 a 600 partos anualmente e sempre que tem uma gestante de risco encaminhamos para o HGA que tem mais suporte e fica mais perto do Hospital Regional que tem UTI, sempre visando resguarda a vida da mãe e bebê", explica Deywis Daniel, secretário de saúde de Medicilândia.
Por meio de nota, a Prefeitura de Altamira, afirmou que o Hospital Geral de Altamira, é referência em obstetrícia na região, prestou todo o atendimento necessário à gestante durante sua primeira ida à unidade, no dia 25 de janeiro. Na ocasião, ela foi avaliada pela equipe médica e liberada, pois os exames indicavam que tudo estava dentro da normalidade. E afirma que após retornar à sua residência em Medicilândia, a gestante apresentou um quadro de fortes dores, deu entrada no hospital do município e foi encaminhada novamente ao HGA, no dia 26 de janeiro. Após nova avaliação médica, foi constatado o óbito fetal. Por fim, a nota informa que todos os procedimentos foram realizados com a devida atenção e cuidado, e segue à disposição para oferecer o suporte necessário à família neste momento tão difícil e que para garantir a máxima transparência e apurar detalhadamente os fatos, será instaurada uma sindicância interna para investigar o caso.
Este era o terceiro filho da paciente. Ela já havia comprado todo o enxoval e escolhido o nome do bebê que se chamaria Asafe.