Comunidades ribeirinhas do Rio Xingu enfrentam dificuldades na pesca e no transporte fluvial devido a forte estiagem que afeta os níveis de água. Agora, os pescadores lutam para se adaptarem a um novo ambiente totalmente diferente.
Em terra firme, seu Lenildo caminha no areial que antes era um rio. Para o pescador, são tempos difíceis que ele jamais pensou enfrentar. “Cada ano que passa a situação fica cada vez pior, esse ano a seca veio com tudo. Nós estamos sendo muito prejudicados, porque nós não temos como nos manter com o pouco de peixe que está tendo no rio”, diz o pescador.
As consequências para as comunidades ribeirinhas são inúmeras. Muitas delas ficaram isoladas nesta parte da região sudoeste do Pará. Na cidade de Senador José Porfírio, entre um dos os pescadores impactados, está Darisvaldo Martins, que há mais de 40 anos sobrevive dessa atividade. Com a seca falta peixe no mercado e também não há segurança alimentar nem para a família.
“Antes por semana, a gente pegava de 100 a 150 kg de peixe, e hoje em dia a gente não consegue três quilos. Como vocês veem aí, não dá três quilos de peixe para dividir para três famílias. E nós precisamos que alguma autoridade tome alguma providência sobre isso, por que como nós vamos viver daqui mais algum tempo? Essa está sendo a pior seca que nós estamos enfrentando aqui”, diz Darisvaldo.
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou, em 30 de setembro, situação crítica de escassez hídrica no rio Xingu. A intensa estiagem do rio tem gerado sérios desafios às comunidades ribeirinhas, que agora lutam para sobreviverem em um ambiente totalmente diferente.
Além da pesca, a estiagem tem causado problemas no transporte fluvial, essencial para a locomoção e o escoamento de produtos nas comunidades ribeirinhas. Com o nível do rio abaixo do normal, as embarcações enfrentam dificuldades para navegar, o que impacta a distribuição de suprimentos e o acesso a serviços básicos. As famílias estão enfrentando desafios para receber alimentos e medicamentos e até água potável.
Em Altamira, sudoeste, a empresa responsável pelas balsas que fazem a travessia até a Gleba Assurini, a maior comunidade Rural da região, informou que por conta do nível baixo do Xingu o transporte noturno sofrerá alterações. A nota explica que existem pedrais que podem provocar acidentes. Por isso, a última balsa de Altamira até Assurini será às 18h e a última viagem da Assurini para Altamira às 19h a partir de 28 de outubro. O documento destaca que solicitou a dragagem no rio para que o transporte seguisse nesse período de extrema seca, mas a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará ainda não se manifestou.