A Polícia Rodoviária Federal informou que foi protocolada uma decisão judicial que determina o fim das interdições na Rodovia Transamazônica e será entregue ainda hoje no local do bloqueio, no quilômetro 601, conhecido como KM 27, em uma tentativa de garantir a retomada do tráfego regular na região. Contudo, os manifestantes seguem firmes em sua posição, pressionando por soluções mais concretas.
Na última quinta-feira (26), indígenas de três etnias do Xingu retomaram o bloqueio da BR-230, na altura do quilômetro 27, entre Altamira e a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no sudoeste do Pará. O movimento, que já está em sua segunda semana, busca chamar a atenção das autoridades e da empresa responsável pela usina para os impactos ambientais e sociais causados pela construção da hidrelétrica, que, segundo os manifestantes, não foram devidamente compensados.
As lideranças indígenas cobram da Empresa Construtora de Belo Monte e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) o cumprimento de acordos discutidos em reuniões anteriores. Entre as principais reivindicações estão a compensação pelos danos causados à pesca e à caça, que teriam se tornado escassas após a construção da usina, além de mais investimentos em saúde e educação, e a disponibilização de cotas de combustíveis para as comunidades afetadas.
Em entrevista, o cacique Gilliard Juruna, da Aldeia Miratu, reforçou a disposição dos indígenas em manter o bloqueio até que suas demandas sejam atendidas. "Nós não vamos sair daqui, e ainda existe a possibilidade dos agricultores da Volta Grande do Xingu também se unirem a nós. Se for possível, fechamos Belo Monte", afirmou o líder.
Diferente de manifestações anteriores, neste bloqueio os manifestantes liberaram a passagem para veículos somente após as 18h, com exceção de ambulâncias e viaturas policiais, que puderam transitar normalmente.
Em resposta, a Norte Energia, empresa responsável pela hidrelétrica, divulgou uma nota informando que já investiu R$ 1,2 bilhão em 42 programas voltados às comunidades indígenas e à população da área urbana, com o acompanhamento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A empresa reafirmou seu compromisso com o atendimento às demandas locais.
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