Entre os dias 19 de agosto e 6 de setembro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou a Operação "Tabuleiros Tapajós III", uma ação de combate à captura ilegal de quelônios no rio Tapajós e também no rio Xingu, no estado do Pará.
A operação percorreu mais de 800 km e resultou em R$ 160 mil em multas ambientais, além do resgate de 16 tartarugas-da-Amazônia que haviam sido capturadas ilegalmente para venda nos arredores do Tabuleiro de Monte Cristo. Após a pesagem e identificação, os animais foram devolvidos ao seu habitat natural.
A ação foi conduzida em 20 operações fiscalizatórias nos municípios de Aveiro, Itaituba e Rurópolis, onde um drone foi utilizado para sobrevoar 128 km no monitoramento remoto. Durante a fiscalização, as autoridades apreenderam um barco de pesca do tipo rabeta, uma rede de pesca malhadeira e diversos equipamentos usados na captura ilegal de quelônios, todos inutilizados pelos agentes. Além disso, cinco tartarugas foram encontradas mortas.
A operação integra o Programa Quelônios da Amazônia (PQA), que visa a conservação dessas espécies, contando com a participação das comunidades ribeirinhas da Bacia do rio Tapajós. Paralelamente, o Ibama também atua no rio Xingu por meio da Operação "Tabuleiros do Xingu", que começou em julho.
Em parceria com a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), a operação procura coibir a pesca irregular e a captura de quelônios, especialmente durante o período de desova e eclosão dos ovos. O patrulhamento ostensivo, tanto diurno quanto noturno, tem afastado os caçadores ilegais.
A tartaruga-da-Amazônia, maior quelônio de água doce da América do Sul, é uma espécie de grande porte que pode atingir mais de 90 cm de comprimento e pesar até 75 kg. Durante a época de enchente, esses animais penetram as florestas inundadas em busca de alimentos, retornando às calhas dos rios na vazante para nidificar nas praias arenosas. Entretanto, esse ciclo natural é ameaçado pela caça e comércio ilegal da espécie, cujos ovos e carne são muito valorizados na culinária amazônica e também utilizados em cosméticos e medicamentos. Esse cenário de exploração desenfreada, que remonta aos séculos XVIII e XIX, quase levou a espécie à extinção.
Hoje, todas as espécies do gênero Podocnemis estão listadas no Anexo II da Convenção Cites, um acordo internacional de proteção da fauna assinado por mais de 100 países, incluindo o Brasil. As operações de fiscalização no Tapajós e Xingu são essenciais para garantir a preservação dessa espécie ameaçada, que desempenha um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos da Amazônia.
Mín. 22° Máx. 39°