Indígenas bloqueiam estrada do aeroporto em protesto frente ao escritório da Norte Energia em Altamira

Com cartazes dizendo “violação dos direitos indígenas”, manifestantes estão na frente do prédio da Norte Energia, em Altamira, sudoeste do Pará, reivindicando algumas pautas. Segundo os indígenas, o Plano Básico Ambiental do Componente Indígena não está sendo cumprido pela empresa construtora da UHE Belo Monte.

“A gente precisa de uma revisão do PBA, e nem foi cumprido o trabalho nas aldeias e isso foi o nosso maior impacto, no Xikrin e Bacaja e estamos esperando um representante para fazermos uma reunião”, diz uma das lideranças indígenas, Kaput Xikrin.

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Com pedaços de madeira e pneus, os manifestantes bloquearam o principal acesso ao prédio da Norte Energia na estrada que vai até o aeroporto da cidade. Nenhum veículo tem autorização para passar pelo local. Pneus foram queimados também como forma de protesto.

“A comunidade tem dificuldade em navegação porque o rio está muito seco e só temos como ir pela estrada que também está em péssimas condições e por isso viemos fazer a manifestação aqui”, afirma o Kaput Xikrin.

Ainda segundo a liderança, o Plano de Mitigação dos Impactos da usina também não estaria sendo cumprido, e afirmam que os povos indígenas sofreram impactos na pesca, caça e trafegabilidade com a construção do empreendimento. Os manifestantes também alegam que não estaria sendo feito a entrega de combustível para as aldeias.

“A Norte Energia enganou a gente e não cumpriu as coisas. Foi cortado o nosso combustível, e todas as coisas que estamos precisando na aldeia. A gente não veio para bagunçar, viemos para conversar e sentar com a Norte Energia”, diz o indígena Beppydji Xikrin.

Em um vídeo gravado logo no início da manhã desta segunda-feira (16), mostra um motociclista que estaria tentando passar e acabou se envolvendo em uma confusão com os manifestantes.

Por meio de nota, a Norte Energia informou que a partir de outubro de 2024, a companhia deixou de disponibilizar as cotas de combustíveis destinadas às lideranças indígenas e associações. É importante esclarecer que essas cotas não são obrigações estabelecidas no âmbito do licenciamento ambiental da hidrelétrica. Elas foram concedidas pela empresa no período de instalação da usina. O objetivo era apoiar no transporte da população indígena que participava das reuniões realizadas à época, na cidade de Altamira.

Muitas delas foram substituídas pelo uso da internet e radiofonia fornecidas pela Companhia. A nota diz ainda que para o atendimento das ações do Plano Básico Ambiental Componente Indígena (PBA-CI), a Norte Energia já garante todo apoio logístico e combustível para o deslocamento dos indígenas e para as atividades produtivas. Dessa forma, será mantida apenas a entrega de diesel para o funcionamento dos geradores de energia enquanto não houver outra fonte de suprimento.