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Tecnologia revoluciona produção na aldeia Tukaya na TI Xipaya

Com nova vulcanizadora a comunidade transformou produção de tecidos, gerando renda e fortalecendo tradições no Xingu

Gustavo Freitas
Por: Gustavo Freitas
02/09/2024 às 14h38 Atualizada em 03/09/2024 às 11h40
Tecnologia revoluciona produção na aldeia Tukaya na TI Xipaya
vulcanizadora de tecidos - Foto: Reprodução

É com o líquido extraído da seringueira, pelo extrativista "Chico", o látex natural, que os povos tradicionais da região do Xingu, com a ajuda de uma tecnologia inovadora, transformam uma ideia em bolsas ecológicas. A aldeia Tukaya, localizada na Terra Indígena Xipaya, inaugurou a vulcanizadora de tecidos, uma inovação que promete mudar a vida da comunidade.

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"Trazendo todos os benefícios, principalmente para aquelas comunidades, onde que elas consigam, dentro do seu território, para que assim tenham uma melhor qualidade de vida e no desenvolvimento econômico.", explica Neluce Soares.

A nova vulcanizadora, composta de alumínio e plástico termoplástico, utiliza predominantemente energia solar para acelerar o processo de secagem dos tecidos encauchados. Esses tecidos são produzidos a partir de uma técnica indígena que desidrata o látex natural, combinada com tecnologia científica moderna.

A partir da extração do látex natural das seringueiras, que é então aplicado sobre algodão orgânico. O algodão revestido de látex passa por uma desidratação, que endurece o material, tornando-o flexível, durável e resistente à água. O tecido resultante, conhecido como encauchado, é ideal para a confecção de produtos como mochilas e bolsas sustentáveis.

 

Látex in natura - Foto: Reprodução

 

"Também reduz o tempo de produção, de 9 dias passou para 1 na produção dessas bolsas e isso está acontecendo dentro da comunidade. Está formando jovens e mulheres e a ideia é essa, trazer esses jovens e mulheres que estão com suas famílias e poder fazer parte dessa cadeia", afirma Neluce.

A chegada da vulcanizadora representa um avanço na cadeia produtiva local. Anteriormente, os indígenas da aldeia Tukaya vendiam o látex em sua forma bruta por R$ 4,25 por litro. Com o processo de vulcanização, o valor do látex transformado em tecidos encauchados pode alcançar R$ 64 por litro, gerando um aumento na renda da comunidade.

O projeto já envolve 30 pessoas, principalmente jovens entre 16 e 26 anos, criando novas oportunidades de emprego e desenvolvimento de habilidades. A inclusão das mulheres na pintura dos tecidos com pigmentos naturais, como o urucum, é outro destaque, promovendo a inclusão social e econômica, além de fortalecer as posições na comunidade.

 

Mochila produzida na aldeia - Foto: Reprodução

 

Cada mochila produzida na aldeia carrega um QR code que conecta os consumidores à história e ao processo de produção, valorizando as tradições culturais e práticas sustentáveis da aldeia Tukaya. Além de seu impacto econômico, o projeto tem um papel vital na conservação da floresta amazônica. A produção de látex requer a preservação de grandes áreas de floresta, conhecidas como estradas de seringa.

A colheita de urucum para os pigmentos naturais utilizados na pintura dos tecidos também incentiva a manutenção de áreas florestais adicionais. O financiamento de R$ 80 mil pelo Fundo LIRA permitiu a construção da estufa e das oficinas na aldeia, garantindo que o equipamento fosse de propriedade dos indígenas. 

"O QR code que está localizado nas peças tem as fotos dos artesões que trabalham nas peças, informações sobre o povo Xipaia e sobre a região do Xingu onde a aldeia está inserida, para mostrarmos que é um trabalho colaborativo, e mostramos o impacto que se está gerando", afirma Cláudio Martins, sócio/fundador da Bossapack.

Com essa iniciativa, com a colaboração entre o LIRA/IPÊ, a Mercur e a Bossapack a Aldeia Tukaya não apenas preserva o patrimônio cultural, mas também se posiciona como um exemplo de sustentabilidade na Amazônia, apontando o caminho para um futuro em que tradição e tecnologia caminham juntas para o bem-estar das comunidades e do meio ambiente, e esse é o Lado Bom de Altamira.

Antes, a produção do tecido demorava cerca de 9 dias - Foto: Reprodução

 

 

 

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