Madeireiros que trabalhavam na Floresta Nacional de Caxiuanã, afirmam que foram surpreendidos na noite da última sexta-feira (23), por uma possível operação militar. Maquinários e a madeira retirada ilegalmente da unidade de conservação foram destruídos.
Em vídeos enviados para nossa equipe é possível ver as chamas consumindo os veículos pesados que ajudam na extração da madeira na Floresta Nacional de Caxiuanã, em Portel, no Arquipélago do Marajó. Quem enviou o vídeo, afirmou que a maioria dos trabalhados e as máquinas que foram destruídas durante a suposta operação, são de Senador José Porfírio, sudoeste, município que faz divisa com Portel e por onde a madeira é exportada.
Pela facilidade de acesso e por ter estradas clandestinas em melhores condições, os madeireiros entram no município pela PA-167, e depois seguem por outra estrada, conhecida como Maxiacá, que permite acesso à área da reserva, e onde a suposta operação teria ocorrido.
Segundo relatos de trabalhadores que estavam no local, dois veículos grandes estavam chegaram ao ponto de extração e anunciaram a intervenção para a destruição dos equipamentos usados para a exploração ilegal de madeira na floresta. Foi aí que tiros e bombas foram disparados.
"Às quatro horas da tarde prenderam o pessoal lá, de quatro horas da tarde até 10 horas da noite explodiram uns 13 caminhões. Quando ligaram para nós avisando, nós fomos daqui para lá. Da outra parte lá, o fogo ainda tava, ainda tinha caminhão, estava com madeira, ainda queimando", afirma uma testemunha.
Eles ainda afirmam que, devido ao medo, várias pessoas resolveram entrar correndo na mata, onde passaram a noite inteira perdidos na floresta, sendo resgatados somente no outro dia. "Eu vi mulher que se desesperou, que correu a noite toda na mata para vir para a cidade. Os moradores, os colonos, todos foram dormir na mata. Porque foram muitas explosões", conta a testemunha.
A Floresta Nacional de Caxiuanã é uma unidade de conservação federal criada em 1961, e possui 330mil hectares de floresta, onde vivem 118 famílias distribuídas em sete comunidades. É a Floresta Nacional mais antiga da Amazônia Legal e a 2ª mais antiga do Brasil. A reserva é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio.
A conservação e variedade de espécies nativas de grande porte e valor econômico alto, atraem desmatadores ilegais, que invadem a floresta pela fronteira utilizando estradas feitas dentro da mata, para despistar a fiscalização por satélite. Até o momento não há confirmação sobre qual órgão realizou a operação, e se realmente se tratava de uma operação das forças de segurança nacional.
O grupo surpreendido na mata entre Portel e Senador José Porfírio, afirma que os veículos pertenciam ao Exército Brasileiro, mas até o momento essa informação não foi confirmada. No último dia 30 de julho, o Governo do Pará prorrogou o decreto ambiental em 15 municípios do estado, entre eles, Senador José Porfírio, que contém altos índices de desmatamento e possuí a terra indígena mais desmatada do Brasil, a TI Ituna-Itatá, que fica na região do Polo II, na cidade. Os municípios de Portel e Porto de Moz não entraram na lista.
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