Após a repercussão da retirada de bovinos da Terra Indígena Ituna-Itatá, moradores entraram em contato com a nossa equipe de reportagem dizendo que muito antes da ação de restrição ser protocolada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) já moravam agricultores e pecuaristas na região.
"Essa terra, o povo já morava nela quando a Funai criou a primeira portaria em 2011, mas antes disso já moravam mais de 200 famílias na localidade.", afirma um morador.
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Apesar da Funai dizer que a área é uma terra indígena, quem mora na localidade diz que se trata de uma pretensão indígena, chegando antes da criação ou de demarcação de áreas de conservação. Ano passado, criadores de gado pediram um prazo maior aos órgãos ambientais, mas segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), era exigido que fosse retirado com urgência para que o desmatamento não continuasse crescendo.
Na última ação realizada pelo Ibama, 118 bovinos e 12 equinos foram retirados da Ituna-Itatá. A operação utilizou seis caminhões e oito viaturas. A ação, iniciada em agosto de 2023, visa cumprir uma decisão judicial, além de combater crimes ambientais na região e permitir a regeneração natural da floresta. Os órgãos voltaram a fazer a operação após o período de chuvas ter passado. Estima-se que ainda restam aproximadamente 700 bovinos nas áreas mais distantes do território.
"Isso aconteceu igual na Apyterewa, tiraram o povo de lá, e depois o gado. Estão apreendendo o gado, roubando o gado do povo junto com a Polícia Federal, Funai, Força Nacional e Adepará."
A restrição de uso da TI Ituna-Itatá foi decretada pela primeira vez em 2011. As portarias de restrição que protegem o território foram renovadas em 2013, 2016, 2019 e 2022. Essa medida, segundo o Ministério Público Federal (MPF), tem como o objetivo proibir a entrada de possíveis invasores na área e qualquer atividade econômica.
Ainda segundo o Ibama, entre 2018 e 2019, a TI Ituna-Itatá perdeu 119,92 km² de floresta, tornando-se a área mais desmatada do país naquele período, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A Polícia Federal destacou que grande parte do desmatamento na TI Ituna-Itatá resulta da extração de ouro, realizada com máquinas pesadas como balsas, dragas, pás carregadeiras e escavadeiras hidráulicas, que deixam um rastro de destruição. Uma expedição chegou a ser feita na Ituna-Itatá em 2021 por integrantes da Funai para saber se havia ou não povos isolados na região. Vestígios foram encontrados na mata, mas a autarquia informou que não foram identificados povos isolados.
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