O ministro da saúde do estado de Kerala, no sul da Índia, anunciou, no último domingo (21), a implementação de medidas preventivas rigorosas após a morte de um menino de 14 anos devido ao vírus Nipah. Além disso, 60 pessoas foram identificadas como de alto risco.
Kerala é uma das áreas mais vulneráveis a surtos do vírus Nipah, conforme investigação da Reuters. O patógeno é considerado prioritário pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido ao seu potencial epidêmico e à ausência de vacinas ou tratamentos específicos.
Das 214 pessoas na lista de contatos do menino que faleceu, 60 são consideradas de alto risco e estão em salas de isolamento criadas especialmente para tratá-las. Alguns familiares do paciente estão em observação, enquanto outras pessoas em risco foram orientadas a se isolarem em casa.
O Nipah é um vírus zoonótico transmitido de animais para humanos, com os morcegos frugívoros sendo os principais reservatórios. Ele pode ser contraído por meio de alimentos contaminados ou diretamente entre pessoas. O primeiro surto registrado ocorreu na Malásia, onde o vírus foi transmitido aos humanos por meio de porcos.
Os primeiros sinais da infecção podem variar bastante, dificultando o diagnóstico inicial e a detecção de surtos. Segundo a OMS, o período de incubação médio do vírus é de 4 a 14 dias, podendo chegar a 45 dias em alguns casos.
Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós-PhD em neurociências e membro da Society for Neuroscience (SFN) e da Sigma Xi, o vírus afeta o cérebro através do próprio sistema imunológico do corpo. "O vírus Nipah invade o cérebro usando as células do sistema imunológico como 'cavalos de Troia' para atravessar a barreira hematoencefálica. Depois disso, ele infecta principalmente neurônios e células da glia, causando inflamação e danos neuronais."
Mesmo após a fase aguda da infecção, o vírus pode deixar efeitos de longo prazo no sistema nervoso. Alguns sobreviventes enfrentam problemas de memória, dificuldades de atenção e processamento mental lento. "A manifestação do vírus varia muito em cada caso, podendo ir desde quadros assintomáticos a encefalite fulminante", alerta o Dr. Fabiano de Abreu.