"A gente sente, a gente vive: um jornalismo sobre gente, feito por nós", a frase dita pela jornalista Maria Teresa, da Rede Maré, reacendeu a chama abrandada pela rotina puxada, o estresse, as pressões para não publicar o que incomoda. Fazer jornalismo é antes de tudo, um dever social, e participar do congresso da Abraji de forma presencial, sentindo e ouvindo as vivências de profissionais que atuam em todas as regiões do país e no exterior é sem dúvida um recomeço.
Organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) entre os dias 11 e 14 de julho, em São Paulo, o 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, atraiu cerca de 1500 jornalistas, proporcionando um espaço para debates, workshops e troca de experiências sobre os desafios e avanços no campo do jornalismo investigativo.
A cada debate, roda de conversa e apresentação, temas sensíveis, formas de abordagens, reflexões sobre pautas que se destacaram, projetos que surgiram do desejo de dar voz a populações silenciadas e sufocadas por conflitos no campo, na floresta, nas cidades.
A desinformação, o uso da Inteligência Artificial para atrapalhar o processo eleitoral democrático, mas como arma em um jornalismo investigativo profundo, os impactos das mudanças climáticas, abordagem da Amazônia sem o estereótipo da floresta, a pesquisa para jornalismo investigativo, entre outros temas. Foram dias de muito aprendizado e escuta.
Representando a região do Xingu e suas diversidades, a jornalista Karina Pinto participou do congresso com apoio de uma bolsa do Programa Amazônia Legal, que custeou a ida até São Paulo e passe livre em todas as atividades. Crucial para o fomento da comunicação na Amazônia, o programa incentiva a produção de jornalismo de qualidade na floresta, uma área de extrema importância para o meio ambiente e para as comunidades locais.
Durante o evento, os jornalistas tiveram a oportunidade de compartilhar experiências particulares na cobertura de questões ambientais e sociais em suas regiões. As dificuldades de chegar e cobrir conflitos históricos, a falta de segurança para jornalistas, a ausência de políticas públicas voltadas para a proteção e garantia do direito de informar e de ser informado.
A segurança dos jornalistas foi um dos pontos mais importantes abordados no congresso, e tema de discussão durante a sabatina com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, um dos convidados do evento em uma das apresentações mais aguardadas. O evento reafirmou o compromisso da Abraji com a defesa da liberdade de imprensa e a promoção de um jornalismo ético e de alta qualidade.
"Poder ouvir vozes como da jornalista Helena Leocádio, de Roraima, e ver o quanto não é seguro, mas como é necessário ser forte, curiosa e ouvir a comunidade foi uma experiência transformadora. O apoio do projeto sublinha a relevância de iniciativas que apoiam a produção jornalística em áreas de difícil acesso, contribuindo para um jornalismo mais inclusivo e representativo.", destacou Karina Pinto, jornalista da Rede Vale do Xingu, afiliada do SBT na região sudoeste do Pará.
O 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji foi, sem dúvida, um marco importante para a comunidade jornalística, fortalecendo a rede de profissionais dedicados a informar e investigar com rigor e responsabilidade.
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