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Primeira fábrica da região lança chocolate com amêndoas de cacau produzidas só por mulheres

Abraçando agricultores familiares, mulheres e indígenas, a marca foca no futuro com produtos do cacau da Amazônia e que respeitam a floresta e os povos originários

Raiany Brito
Por: Raiany Brito
14/06/2024 às 14h38 Atualizada em 31/08/2024 às 11h12
Primeira fábrica da região lança chocolate com amêndoas de cacau produzidas só por mulheres
Foto: Naldo Oliveira/TV Vale do Xingu

Miriam é moradora da área rural de Medicilândia, no sudoeste do Pará. O sítio dela de uma hora para outra ficou conhecido em todo o mundo. É aqui que a melhor amêndoa do planeta é produzida. A produtora de cacau levou o nome da Amazônia e da agricultura familiar nessa competição que aconteceu na Europa. 

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"Aqui no Brasil a gente só tava participando do Concurso Nacional. A gente foi surpreendido com o concurso mundial.", conta Miriam Federicci.

A agricultura faz parte dos 40 cooperados da primeira fábrica da região que funciona há 14 anos. A amêndoa de qualidade vira chocolate com posicionamento de mulheres que brilham nos cuidados com a lavoura. Esse ano a Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica lançou uma barra unindo sabores de 17 amêndoas de cacau produzidas por elas. 

"Esse chocolate 51.0 significa a idade média de todas as mulheres da cooperativa. (...) Nesse momento vai ser um blend, mas depois a gente vai produzir individualmente de cada mulher.", explica a chocolatier Rita Aguiar.

Da lavoura diretamente para a indústria. A cooperativa fica às margens da terceira maior rodovia do Brasil. Os viajantes e os turistas param para conhecer a fábrica e também comprar chocolates. Por mês são produzidas mais de 30 mil barrinhas e mais de 80 mil trufas, que, aliás, é a mais vendida, o carro-chefe.

Para dar conta da produção, são 12 funcionários na fábrica. Um deles é o Manoel, ele era pedagogo, em Gurupá, e agora é também um dos cooperados em Medicilândia. "É a questão de controle de produção, qualidade. (...) Vi e conheci, consegui esse emprego e hoje sou um dos sócios.", afirma Manoel de Jesus.

Seu Ademir Venturin viu o projeto nascer e ser tirado do papel. Exatamente quando os produtores de Medicilândia, conhecida como a Capital Nacional do Cacau, por ser a maior produtora do Brasil, procuravam uma alternativa de agregação de valor com a matéria-prima para fabricar chocolate. 

"A gente viveu o período do cacau refugo da Bahia, na década de 80 falavam que o cacau da Amazônia não prestava. Tinha que misturar o cacau da Bahia para virar chocolate. (...) Saímos do refugo para a melhor amêndoa do mundo, isso é fortalecimento do cooperativismo, a Cacauway é pioneira. A estrada com poeira e lama já era o caminho para produzir a melhor amêndoa e o melhor chocolate.", afirma Ademir Venturin, presidente da Coopatrans.

Abraçando agricultores familiares, mulheres e indígenas, a marca foca no futuro com produtos do cacau da Amazônia e que respeitam a floresta e os povos originários. As parcerias feitas desde o ano passado garantiram que o cacau cultivado em aldeias e comunidades ribeirinhas também virassem chocolate.

"A Cacauway se preocupa com a floresta em pé, com desenvolvimento da Amazônia de forma sustentável, ecológico.", afirma Bianca Venturin.

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