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Árvores no pasto trazem benefícios para a pecuária

A prática reduz o estresse térmico dos bovinos e melhora a qualidade da produção

Raiany Brito
Por: Raiany Brito
13/06/2024 às 08h32 Atualizada em 13/06/2024 às 17h00
Árvores no pasto trazem benefícios para a pecuária
Foto: Reprodução

Rodrigo Cardoso cria bovinos no interior do Pará, no município de Brasil Novo. O engenheiro agrônomo também cursou Gestão Ambiental e aplica na propriedade o que aprendeu nas faculdades. Por aqui, a regra é manter árvores no pasto. O Momento Agro é um oferecimento do Auto Posto Maverick - Sempre perto de você, Sicredi - Não é só dinheiro. É ter com quem contar, e Intergrãos - Insumos e produtos agropecuários.

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"Com as altas temperaturas esse animal não vai pastejar como deveria, ele vai ter um estresse, ele não vai comer como deveria, vai converter bem menos em forragem bem menos em carne ou em leite. Vai ganhar menos arroba.", afirma o pecuarista.

São mais de 800 animais da raça nelore na fazenda da família que trabalha com gado de corte. Com as altas temperaturas que ultrapassam 30 graus, o pecuarista vai em busca de solução na garantia do bem-estar animal.

"Há alguns anos, podemos dizer décadas, temos deixado árvores na pastagem porque isso além de embelezar a propriedade, isso traz uma harmonia.", afirma Rodrigo Cardoso.

E o que o Rodrigo faz tem uma explicação técnica. Na Faculdade de Agronomia, região sudoeste paraense, professores se empenham em trabalhos para mostrar na prática como o conforto térmico para o gado ajuda o criador e interfere na arroba do gado. A teoria saí daqui para a prática.

"É o quarto pilar da sustentabilidade em respeito à produção animal para o bem-estar animal. Os animais procuram sombra nos horários mais quentes mesmo se tratando da raça nelore que tem origem da índia, um lugar quente, mas os animais precisam de sombra. Já precisei pastos que têm a cocheira de sal e os animais disputando o espaço ali que fica limitado.", explica o professor Dr. da UFPA, Salim Jacaúna.

O estresse térmico resulta ainda em distúrbios nutricionais que impactam no ganho de peso. O gado estressado por conta do calor tem também reprodução e fertilidade afetadas. A Embrapa - Pecuária Sudeste (SP) tem um estudo voltado para a integração pecuária-floresta. A garantia das árvores também interfere de forma positiva na qualidade das pastagens, como explica o pesquisador José Ricardo Pezzopane. 

"A gente mantém o capim no mesmo nível de produção, porém com maior qualidade que é uma característica dos capins mais tropicais nesses ambientes mais sombreados.", conta José Ricardo Pezzopane, pesquisador da Embrapa.

"Isso ocorre porque as plantas mudam e começam a aparecer alterações morfológicas com mais presença de folhas. Também com a chegada do período seco, as folhas ficam verdes por mais tempo nesse tipo de ambiente. Isso interfere na qualidade da fonte de alimento do gado que está sendo criado nesse ambiente.", complementa.

O levantamento também mostrou que por conta dessa resposta satisfatória mesmo que a área de pastagem seja reduzida por conta das árvores a forragem terá mais proteína bruta para garantir o ciclo de engorda. O estudo teve como experimento uma fazenda paulista, mas para quem cria bovinos ou colabora com a formação de novos agrônomos no Pará, que tem o segundo maior rebanho do Brasil, com mais de 26 milhões de animais, o atual momento da pecuária exige que o pecuarista nortista também invista na integração com a floresta.

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