Há um ano o seu Renato Preuss vendia o quilo da amêndoa de cacau a R$ 15 reais. Esse valor mais que triplicou na safra de 2024. Um recorde em 46 anos em Londres, o que também não chegava a esse pico nos últimos 12 anos na bolsa de Nova York.
"Agora é o momento de quem está começando a produzir, não só está preocupado em estar colhendo, mas em fazer uma produção de qualidade.", afirma Renato Preuss.
Desde o ano passado os preços vêm subindo. Atualmente, os compradores pagam mais de R$ 50 por quilo e isso tem uma explicação: países da África que detém 60% da produção mundial sofreram com mudanças climáticas e com doenças que afetam lavouras de cacau. Com isso, a matéria-prima para fabricar chocolate e outros produtos ficou mais difícil para atender toda a demanda global.
Na lista, Costa do Marfim aparecia no topo responsável por 2,18 milhões de toneladas, seguida por Gana com 680 mil. Depois Equador com 440 mil toneladas. O Brasil aparece já na sexta colocação com 273 mil toneladas de amêndoas.
No estado do Pará, em algumas propriedades quem trabalha com o chamado cacau fino, ainda ganha 40% de lucro a mais por produzir uma amêndoa que vai virar chocolate fino.
É o que acontece na propriedade da família Brogni em Medicilândia, sudoeste do Pará. Eles foram reconhecidos mundialmente com a segunda melhor amêndoa do planeta, e claro, que o valor é agregado.
"Varia muito pelo mercado porque o cacau é um commodity e quem manda no cacau é a bolsa de valores de Nova York. Só que é uma faixa de R$ 3 a R$ 5 reais o diferencial para a certificação.", explica Robson Brogni.
"O cacau comum é comercializado a 50 reais, essa semana chegou até 60 reais. Praticamente, você tem a rentabilidade de quatro safras em uma só, comparando com o ano passado. Eu acredito que vai subir mais, o medo do cacauicultor era que o preço fosse lá em cima e caísse na safra, mas foi ao contrário. A safra começou e o preço subiu e acho que vai chegar até os 70 [reais]", complementa.
A expectativa é que até o final da safra o preço siga aumentando. Agora, os produtores da América Latina de países como Colômbia, Equador, Peru e Brasil planejam aumentar a produção do fruto já que o problema na África é a médio e longo prazo. A intenção é expandir áreas de plantação para tentar atender a indústria.
O Pará é o maior produtor do Brasil, com quase 150 mil toneladas de amêndoas por safra. É também um território que tem se destacado com a qualidade das lavouras e conquistado selos verdes que unem lucro e sustentabilidade. O mercado internacional leva isso em consideração para quem mantém o meio ambiente preservado.
"A certificação inclui não só a amêndoa fina, inclui cacau comum. As empresas exigem que você siga uma série de regras trabalhistas e ambientais. Para comprovar que não tem trabalho escravo, infantil, que a floresta seja preservada e você ganha em reais.", explica Brogni.
"O cacau brasileiro é muito bem-visto na Europa, então se a gente caprichar na qualidade, fazer uma fermentação bem feita. O Brasil ser um dos maiores no quesito cacau de qualidade.", finaliza Renato Preuss.