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Preço do cacau dispara devido à queda de produção na África 

Safra de 2024 registra alta histórica, com produtores brasileiros aproveitando valorização

Raiany Brito
Por: Raiany Brito
12/06/2024 às 10h04 Atualizada em 13/06/2024 às 09h01
Preço do cacau dispara devido à queda de produção na África 
Foto: Markelle Lereno/TV Vale do Xingu

Há um ano o seu Renato Preuss vendia o quilo da amêndoa de cacau a R$ 15 reais. Esse valor mais que triplicou na safra de 2024. Um recorde em 46 anos em Londres, o que também não chegava a esse pico nos últimos 12 anos na bolsa de Nova York. 

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"Agora é o momento de quem está começando a produzir, não só está preocupado em estar colhendo, mas em fazer uma produção de qualidade.", afirma Renato Preuss.

Desde o ano passado os preços vêm subindo. Atualmente, os compradores pagam mais de R$ 50 por quilo e isso tem uma explicação: países da África que detém 60% da produção mundial sofreram com mudanças climáticas e com doenças que afetam lavouras de cacau. Com isso, a matéria-prima para fabricar chocolate e outros produtos ficou mais difícil para atender toda a demanda global. 

Na lista, Costa do Marfim aparecia no topo responsável por 2,18 milhões de toneladas, seguida por Gana com 680 mil. Depois Equador com 440 mil toneladas. O Brasil aparece já na sexta colocação com 273 mil toneladas de amêndoas. 

Maiores produtores de cacau do mundo

  1. Costa do Marfim: 2,18 milhões de toneladas
  2. Gana: 680 mil toneladas
  3. Equador: 440 mil toneladas
  4. Camarões: 290 mil toneladas
  5. Nigéria: 280 mil toneladas
  6. Brasil: 273 mil toneladas
  7. Indonésia: 180 mil toneladas
  8. Papua Nova Guiné: 42 mil toneladas

No estado do Pará, em algumas propriedades quem trabalha com o chamado cacau fino, ainda ganha 40% de lucro a mais por produzir uma amêndoa que vai virar chocolate fino.

É o que acontece na propriedade da família Brogni em Medicilândia, sudoeste do Pará. Eles foram reconhecidos mundialmente com a segunda melhor amêndoa do planeta, e claro, que o valor é agregado.

"Varia muito pelo mercado porque o cacau é um commodity e quem manda no cacau é a bolsa de valores de Nova York. Só que é uma faixa de R$ 3 a R$ 5 reais o diferencial para a certificação.", explica Robson Brogni.

"O cacau comum é comercializado a 50 reais, essa semana chegou até 60 reais. Praticamente, você tem a rentabilidade de quatro safras em uma só, comparando com o ano passado. Eu acredito que vai subir mais, o medo do cacauicultor era que o preço fosse lá em cima e caísse na safra, mas foi ao contrário. A safra começou e o preço subiu e acho que vai chegar até os 70 [reais]", complementa.

A expectativa é que até o final da safra o preço siga aumentando. Agora, os produtores da América Latina de países como Colômbia, Equador, Peru e Brasil planejam aumentar a produção do fruto já que o problema na África é a médio e longo prazo. A intenção é expandir áreas de plantação para tentar atender a indústria. 

O Pará é o maior produtor do Brasil, com quase 150 mil toneladas de amêndoas por safra. É também um território que tem se destacado com a qualidade das lavouras e conquistado selos verdes que unem lucro e sustentabilidade. O mercado internacional leva isso em consideração para quem mantém o meio ambiente preservado. 

"A certificação inclui não só a amêndoa fina, inclui cacau comum. As empresas exigem que você siga uma série de regras trabalhistas e ambientais. Para comprovar que não tem trabalho escravo, infantil, que a floresta seja preservada e você ganha em reais.", explica Brogni.

"O cacau brasileiro é muito bem-visto na Europa, então se a gente caprichar na qualidade, fazer uma fermentação bem feita. O Brasil ser um dos maiores no quesito cacau de qualidade.", finaliza Renato Preuss.

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