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Cacau da Amazônia garante floresta em pé na Transamazônica

Conheça a jornada dos produtores de cacau em Uruará, onde sustentabilidade e tradição se encontram para criar o chocolate do futuro

Raiany Brito
Por: Raiany Brito
11/06/2024 às 10h31 Atualizada em 12/06/2024 às 08h33
Cacau da Amazônia garante floresta em pé na Transamazônica
Foto: Naldo Oliveira/TV Vale do Xingu

Nossa aventura de hoje começou pela BR-230. Estamos em Uruará, no sudoeste do Pará. Neste trecho a Rodovia Transamazônica não é pavimentada e o desafio é encarar uma estrada de chão com poeira. Nós estamos enfrentando exatamente o que o produtor de cacau encara para despachar as amêndoas de cacau nessa parte da Amazônia.

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Primeiro desafio contornado, é hora de conhecer de perto o verdadeiro reino do cacau. Milhares de pés, o verde que se perde na nossa vista e de brinde, os sons da natureza. O grupo da Fazenda Panorama é o maior produtor da Transamazônica. São mais de 300 mil pés.

O número extraordinário deu a Eucy o título de imperatriz do cacau. Ao lado do filho Helton, ela segue dando continuidade ao projeto iniciado pelos pais capixabas de origem alemã que decidiram morar no Norte do Brasil e plantar cacau ainda na década de 80. 

"Esse aqui é o cacau híbrido plantado na floresta com o objetivo de deixar a floresta em pé de forma sustentável.", afirma Elcy Gutzeit. O que a produtora menciona é um sistema agroflorestal. O Brasil é o sétimo maior produtor de cacau do mundo e o estado que mais produz amêndoas é o Pará, com quase 150 mil toneladas por safra. 

Há quatro anos a Fazenda Bom Tempo que faz parte do grupo Panorama usou 10 hectares para fazer o reflorestamento usando mudas de cacau. As árvores nativas fazem o sombreamento da lavoura cacaueira. Aqui cada árvore tem uma placa de identificação.

A árvore gigante que abraçamos é uma espécie chamada de Goiabão que pode chegar até 14 metros de altura. A madeira dela é usada na fabricação de móveis luxuosos, mas aqui ela fica em pé e quem lucra é o meio ambiente, traz sombreamento, e o chamado conforto térmico para quem passa pela roça.

Preservar a floresta tem ainda agregação de valor. No último 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Presidente da República sancionou a lei 14.877/24 que cria os selos verdes Cacau Cabruca, termo usado na Bahia com o cultivo do fruto preservando a mata atlântica e Cacau Amazônia que conserva a floresta no bioma amazônico. Os selos darão segurança aos agricultores que obedecerem a uma série de critérios, entre eles, respeitar leis ambientais e trabalhistas. 

A ideia é fortalecer as marcas e garantir a venda de produtos ou amêndoas mais caras com atestado de boas práticas. Para a terceira geração da família Gutzeit produzir usando esse sistema também é mostrar para as indústrias nacionais e internacionais que é possível criar um chocolate artesanal e sustentável.

"O perfil geralmente do cacau híbrido é um sabor frutado, se assemelha a frutas tropicais. A gente consegue identificar na própria polpa.", afirma Helton Gutzeit.

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