Estamos em uma plantação de cacau reconhecida nacionalmente pela qualidade da amêndoa. Seu Renato Preuss nos recebeu para mostrar o trabalho na lavoura durante a safra.
"Como o verão foi muito longo, com pouca chuva, a chuva iniciou lá em janeiro. Até que começou a florar era março e abril, em função disso a colheita começou agora e a tendência é que sigamos até setembro e talvez até outubro em função desse seca que tivemos no ano passado.(...) Então o ponto de colheita é essencial na fabricação de chocolates finos.", afirma o produtor de cacau.
A seleção dos frutos, a secagem e o processo de fermentação fizeram com o que as portas do mercado se abrissem, em 2021, a propriedade ficou entre as três melhores amêndoas do país. Hoje eles têm compradores até de fora do Brasil e aproveitam a matéria-prima para produção na própria fábrica, que também é a primeira de Brasil Novo, no sudoeste do Pará.
Dona Verônica é chocolatier formada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, ela se dedica na produção das delícias. A indústria no quintal de casa começou a funcionar em 2019 e de lá para cá vieram as premiações durante concursos do melhor chocolate de origem da Transamazônica e do Estado do Pará.
As barras que trouxeram as primeiras colocações são a que tem manteiga de cupuaçu na composição, a outra com 50% ao leite e ainda a intensa com 80% de cacau. Para 2024, a aposta será com o cumaru da floresta na versão chocolate escuro. O branco foi um sucesso.
A intenção é comprovar como os agricultores familiares utilizam a essência da floresta não só para o sombreamento da plantação, mas também como um dos sabores do produto artesanal. "É um produto tradicional da Amazônia, da nossa região, é a nossa baunilha paraense.", afirma Verônica Preuss.
A indústria fica ao lado da lavoura de cacau. A paisagem que dona Verônica contempla entre uma criação e outra. Ela também ganhou o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios na categoria produtora rural na região Norte e ficou em segundo lugar no ranking nacional em uma competição que reuniu 3 mil mulheres.
"E nessa premiação eu ganhei o projeto arquitetônico da minha fábrica e da minha loja que será construída na minha propriedade.(...) Em 219, 2018 se alguém falasse que estaria nesse patamar que estou hoje com cacau e chocolate jamais iria acreditar.", conta dona Verônica.
O seu Renato e a dona Verônica são catarinenses, mas há mais de 20 anos moram no Pará. Na comunidade eles eram professores e trocaram a sala de aula pela lavoura e fábrica de chocolate. Eles continuam dando aula, mas só sobre o cacau para quem visita à propriedade. No cultivo encontraram uma nova paixão. O Sítio que leva o nome da terra natal deles, Santa Catarina, aproveita de tudo um pouco.
O Pará é responsável por mais de 50% da produção nacional de cacau. O cultivo, além de garantir a floresta em pé, também recupera áreas degradadas. Nesse local, hoje com 10 mil pés do fruto, no passado, já foi pastagem para a criação de bovinos.
"A preocupação desde o início foi fazer com que fosse realmente sustentável, tratando as pessoas como gente, com valorização, a questão do Meio Ambiente, a gente usa pouco defensivo para manter a lavoura, usa mais adubação orgânica e o principal o tripé econômico.", explica Renato.
A harmonia com o meio ambiente chama a atenção dos visitantes que vêm conhecer a rota do cacau. É um trabalho que une a família trazendo oportunidade de trabalho para moradores da própria comunidade. Para fabricar 2 mil chocolates finos por mês e receber turistas, dona Verônica e seu Renato contam com a ajuda de colaboradores.
É o cacau da Amazônia mudando a vida de produtores e gerando emprego e renda na região. "A região da Transamazônica abraçou o Brasil inteiro, é uma terra de oportunidades.", finaliza Verônica Preuss.
Mín. 22° Máx. 40°