Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato à Casa Branca, foi condenado por fraude contábil nesta quinta-feira (30), se tornando o primeiro ex-presidente do país a ser condenado por um crime. O júri, em decisão unânime, declarou Trump culpado de 34 acusações relacionadas ao pagamento de US$ 130 mil para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels durante a campanha eleitoral de 2016.

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O veredito foi anunciado por um tribunal em Nova York, onde Trump atacou o juiz e chamou o julgamento de manipulado. "Isso foi uma desgraça. Este foi um julgamento manipulado por um juiz em conflito de interesses e corrupto", afirmou o ex-presidente, prometendo que o "verdadeiro veredito" virá nas eleições de novembro.

Apesar da condenação, Trump ainda pode concorrer à presidência e governar, mesmo que seja preso, pois a legislação americana não impede. Porém, ele pode ser impedido de votar, já que seu registro eleitoral é na Flórida, onde condenados não podem votar até cumprir a pena.

O juiz Juan Merchan determinará a pena em 11 de julho, com Trump enfrentando a possibilidade de até quatro anos de prisão. No entanto, especialistas consideram improvável que ele vá para a cadeia, dado que as acusações são de crimes de Classe E, considerados leves, e Trump pode receber uma pena mais branda, como liberdade condicional ou multa.

Trump enfrenta ainda outros processos judiciais: por apropriação de documentos sigilosos, tentativa de interferir no resultado da eleição de 2020 e pela invasão do Congresso em janeiro de 2021. Nenhum desses casos tem data de julgamento marcada para este ano.

Trump alega ser vítima de perseguição política, afirmando que as acusações fazem parte de uma campanha para impedir seu retorno à Casa Branca. Ele destaca que, apesar da condenação, a Constituição dos EUA não proíbe uma pessoa condenada criminalmente de concorrer à presidência, desde que cumpra os requisitos de ser cidadão nato, ter pelo menos 35 anos e residir no país por 14 anos.

A história política dos EUA tem precedentes de candidatos à presidência com condenações criminais. Eugene Debs, do Partido Socialista, concorreu enquanto estava preso, obtendo cerca de 1 milhão de votos. Lyndon LaRouche foi candidato em várias eleições entre 1976 e 2004, inclusive durante uma prisão, recebendo 26 mil votos em uma delas.

O julgamento começou em 15 de abril, com a escolha dos jurados. A promotoria, liderada por Alvin Bragg, acusou Trump de interferência eleitoral em 2016 ao pagar pelo silêncio de Stormy Daniels. No tribunal, Daniels relatou seu encontro com Trump em 2006, afirmando que houve um "desequilíbrio de poder".

Michael Cohen, ex-advogado de Trump, foi a principal testemunha, confirmando o pagamento de US$ 130 mil a Daniels para evitar que a história viesse à tona durante a campanha. Trump negou as alegações de relação sexual com Daniels.

Esse é apenas o primeiro dos quatro processos criminais que Trump enfrenta. Seu retorno à Casa Branca é visto por ele como uma forma de se livrar dos problemas legais, enquanto seus apoiadores e opositores aguardam os desdobramentos judiciais e políticos desta condenação histórica.