As recentes inundações no Rio Grande do Sul, o maior produtor de arroz do Brasil, têm levantado preocupações quanto ao possível aumento no preço do produto, especialmente no estado do Pará. O Rio Grande do Sul é responsável por aproximadamente 70% da safra de arroz do país, um alimento que possui considerável peso no índice de inflação ao consumidor (IPCA), sobretudo no subitem "alimentação no domicílio".
Embora boa parte da safra já tenha sido colhida no estado, a principal apreensão reside agora no escoamento da produção. As intensas chuvas e inundações têm causado sérios danos às estradas e pontes, resultando no isolamento de diversas regiões do Rio Grande do Sul. Esta situação dificulta sobremaneira o transporte do arroz para outras partes do país, impactando diretamente na oferta e, por conseguinte, no preço do produto.
O Pará, um dos maiores consumidores de arroz, é um dos estados que podem ser mais afetados pelo aumento nos preços. A dependência significativa do arroz produzido no Sul, aliada às dificuldades de escoamento, pode levar a um aumento considerável no preço do produto no estado.
O banco JP Morgan emitiu um alerta indicando um aumento de 5% nos preços do arroz nos últimos cinco dias. Caso esse aumento seja repassado aos consumidores, o impacto no IPCA pode chegar a 5 pontos-base. Ainda é prematuro determinar com precisão o quanto o preço do arroz pode subir, uma vez que o impacto dependerá de vários fatores, incluindo a extensão dos danos às plantações. Os especialistas alertam para a possibilidade de aumento, embora também ressaltem que o cenário ainda é incerto.
Em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) nesta terça-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil está disposto a importar arroz e feijão, se necessário, para enfrentar os prejuízos decorrentes das safras afetadas.
Lula destacou a preocupação com os impactos das chuvas, que têm atrasado a colheita do arroz no Rio Grande do Sul. Diante desse cenário, ele ressaltou a possibilidade de importação desses alimentos essenciais para garantir um preço acessível aos brasileiros.
"Se for o caso para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha", afirmou o presidente durante a entrevista.