Em Vitória do Xingu, no meio da floresta amazônica e no sudoeste paraense, indígenas Xipaya e Kuruaya cultivam o cacau atravessando gerações, mas pela primeira vez, as comunidades idealizaram lançar o próprio chocolate. O Momento Agro é um oferecimento do Auto Posto Maverick - Sempre perto de você, Sicredi - Não é só dinheiro. É ter com quem contar, e Intergrãos - Insumos e produtos agropecuários.
O lançamento oficial foi ainda em 2023 com duas barras. Uma delas conquistou medalha de bronze na categoria inovação durante o Festival Internacional de Chocolate que acontece em Altamira. A IAWA trouxe um equilíbrio entre o chocolate ao leite e o amargo, agradando o paladar dos jurados e dos visitantes.
"Ele foi um destaque e continua sendo, porque é um chocolate onde a procura continua grande. (...) É gratificante a gente trazer para a sociedade o quanto esses povos estão contribuindo com a economia local.", afirma Karla Barros.
Colocar no mercado um chocolate que representa os povos originários do Xingu. E a segunda barra vai além, traz ainda a história das guerreiras das comunidades indígenas ribeirinhas. Cada uma combina 72% de cacau com frutas desidratadas trazendo o sabor ancestral da Amazônia.
Sídja Wahiü que significa mulher forte, foi criada por mulheres da etnia Xipaya na comunidade Jericoá 2 na Volta Grande do Xingu. Uma delas é a Katyana, a liderança, se tornou uma cacauicultora influente, aprendeu técnicas e boas práticas para o cultivo do fruto e foi em busca de parcerias. Com a morte do avô, ela deu continuidade ao trabalho dele, só que agora mostrando para o mundo como é produzir de forma sustentável.
"A gente produz cacau desde a infância, é uma tradição que a gente vem seguindo do meu avô. (...) O projeto Sidja nasceu com esse objetivo de abrir a visão dos nossos parentes. É uma oportunidade de ser um modelo de negócio sustentável na Amazônia e fazer com que outras comunidades sejam beneficiadas mesmo seguindo o nosso modelo ou fornecendo os produtos para gente.", conta Katyana Xipaya, liderança indígena.
Líder absoluto na produção, o Pará aparece no topo da lista dos estados com aproximadamente 145 mil toneladas de amêndoas por safra e ainda com perspectiva de aumento na área de plantio nos próximos anos.
A região da Transamazônica e Xingu é responsável por cerca de 40% da produção de amêndoas a nível nacional. Há pouco tempo quem mora aqui descobriu que além de produzir um cacau de qualidade tinha como fazer um chocolate fino. Um mercado que cresceu abraçando também populações tradicionais.
O Programa Belo Monte Comunidade foi o responsável por apresentar a produção dos indígenas para a Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica, a primeira fábrica de chocolates da região que fica em Medicilândia, também no Xingu. O projeto é executado pelo Centro de Empreendedorismo da Amazônia e realizado pela empresa construtora de Belo Monte, a maior usina hidrelétrica 100% brasileira, que atua com ações sociais na área de abrangência da obra.
"Foi desenvolvido toda a marca, a identidade visual para o chocolate. (...) A gente conseguiu ao final criar o primeiro chocolate do médio Xingu com sustentabilidade voltado a toda sustentabilidade da região.", explica Thomás Sotilli, gerente de Projeto de Sustentabilidade da Norte Energia.
"O que mais me marcou foi eu poder ser protagonista, a gente poder ter um produto no mercado e dizer que é indígena.", finaliza Katyana Xipaya.
Mín. 22° Máx. 39°