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Música sobre o Marajó reacende discussões sobre exploração sexual infantil

MP e governo negam tráfico de crianças e combatem Fake News sobre o arquipélago

Karina Pinto
Por: Karina Pinto
24/02/2024 às 19h30 Atualizada em 26/02/2024 às 08h40
Música sobre o Marajó reacende discussões sobre exploração sexual infantil
Comunidade ribeirinha do Marajó - Foto: Reprodução

Aymeê Rocha, de 28 anos, virou notícia na última semana após sua apresentação na semifinal do Dom Reality, uma competição de música gospel que chegou ao fim nesta quinta-feira (22). 

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Durante sua apresentação, a jovem cantou uma música de sua autoria, onde ela denuncia a exploração sexual de crianças no Arquipélago do Marajó. Ao explicar sua performance, ela contou aos jurados que o Marajó é uma região turística, mas o povo é pobre, e crianças de 6, 7 anos, saem em canoas para se prostituírem por R$ 5,00. 

A música fez alguns jurados se emocionarem, e pedirem mais informações sobre a região. O tema rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, e vários influenciadores usaram sua imagem para pedir investigação sobre as denúncias feitas pela cantora. 

Com cerca de 3 mil pequenas ilhas, o Arquipélago do Marajó tem 16 cidades onde vivem aproximadamente 560 mil pessoas. A economia é baseada no extrativismo, criação de búfalos, produção de farinha e pesca, e o turismo que vem ganhando mais espaço. Algumas das cidades do Marajó possuem o pior índice de desenvolvimento humano do país, a exemplo do município de Melgaço, onde em 2021 cerca de 3,21% tinham alguma ocupação formal. 

Aymeê Rocha - Foto; Reprodução

A repercussão do caso trouxe à tona denúncias falsas sobre a região, e fez com que as autoridades se pronunciassem. O Ministro dos Direitos Humanos ressaltou que as redes que traficam pessoas, drogas, armas, atuam em todo o país e ocupam espaços em instituições para facilitar o crime e maquiar os seus rastros. Já o Ministério Público do Pará divulgou uma nota oficial em resposta às denúncias. 

O documento assinado por 13 promotores de justiça destaca que até o momento não há nos registros da instituição denúncias sobre tráfico de órgãos, e ressalta que o crime de maior incidência na região é o estupro de vulnerável, delito que também ocorre em maior número em municípios fora do Marajó. O governo do Pará também se pronunciou, em um vídeo publicado nas redes sociais do próprio governador. 

"É importante que vocês saibam que o combate aos crimes, é nós estamos focados nisso e não é de hoje, e para atacar esse problema de frente, nós criamos uma delegacia especial, que apura os casos e encaminha para o acolhimento psicossocial crianças e também os adolescentes, dali seguem para uma rede de proteção. Capacitamos educadores da região para ajudar a comunidade a reconhecer sinais de qualquer tipo de abuso, lidar com os casos, nos ajudar a mapear, denunciar e claro, encontrar culpados."

O governador lista uma série de ações que vêm sendo implementadas em diversos setores na região, educação, saúde, infraestrutura, entre eles uma estrada com 150 km que vai interligar a região das ilhas ao continente, saindo de Portel. 

"A questão é estrutural, é social, por isso a principal luta é fazer com que a floresta possa gerar riqueza aos povos ribeirinhos, aos pescadores, extrativistas, a todos os marajoaras, e a Zona Franca do Marajó é uma solução para melhorar as condições de vida e desenvolver a economia da região."

Ao responder às denúncias contra o Marajó, Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos alertou a população sobre fake news relacionados à região, e destacou que afirmações sobre a “normalização” do abuso sexual de crianças é uma ofensa ao povo do Marajó, que não compactua com essa prática criminosa. 

 

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