Quinta, 16 de Janeiro de 2025
22°C 27°C
Altamira, PA
Publicidade

Mulher é agredida em restaurante após ser confundida com uma pessoa trans em Recife

Agressor teria questionado se ela era homem ou mulher na saída do banheiro feminino

Markelle Lereno
Por: Markelle Lereno Fonte: G1 Pernambuco
26/12/2023 às 16h22
Mulher é agredida em restaurante após ser confundida com uma pessoa trans em Recife
Foto: Reprodução/Redes sociais

Uma mulher cisgênero de 34 anos, que não teve a identidade revelada, foi agredida na saída do banheiro de um restaurante na noite do último sábado (23). De acordo com informações da vítima, ela teria sido confundida com uma mulher trans, por um homem desconhecido.

Continua após a publicidade
Anúncio

O caso foi registrado em um estabelecimento localizado na Zona Norte de Recife, Pernambuco. Conforme o relato a vítima, ela foi abordada na porta do banheiro feminino pelo agressor. Ele teria perguntado se ela era homem ou mulher, a vítima, então, questiona o motivo da pergunta e em seguida recebe um soco no rosto.

"Ele pensou que eu era uma mulher trans usando o banheiro feminino. E ele estava com muito ódio, com muita raiva. [...] Após levar o murro, eu não caí, fiquei em pé, e então consegui correr. A minha reação foi correr e gritar que eu tinha sido agredida", relatou a vítima ao G1.

Vídeos após a agressão mostra o suspeito ainda no estabelecimento, rodeado de outros clientes que tentavam impedir a fuga para facilitar o flagrante. Na internet, amigos da vítima relataram o acontecido e acusaram o agressor de transfobia, e o estabelecimento de "proteger" o agressor, que teria sido escoltado por funcionários para fora do local.

"As pessoas tentaram impedir a saída dele, mas o bar escoltou ele para fora. O Guaiamum Gigante foi totalmente conivente com esse agressor. Facilitar a saída dele prejudicou, e muito, o que eu pude fazer a título de, por exemplo, identificá-lo", explicou a vítima da agressão.

A violência resultou no óculos de grau, que a vítima usava, quebrado, além de ferimentos pelo rosto. A vítima afirmou não ter recebido suporte do estabelecimento. Em entrevista, ela ainda citou que um dos garçons teria ironizado a situação a chamando de "menininho".

"O Guaiamum Gigante fez rigorosamente nada para me acolher. [...] E inclusive, em contato com um amigo que estava na mesa comigo, um dos funcionários disse 'ah, mas o menininho foi ao banheiro' me tratando com desdém, me tratando com ironia", declarou a vítima.

Por meio de nota, o restaurante se pronunciou negando ter dado cobertura para a fuga do agressor e que não tolera nenhum ato de violência ou discriminação contra clientes, citou ainda que teria dado o suporte à vítima. Confira a nota na íntegra:

"O Guaiamum Gigante, em face dos lastimáveis fatos ocorridos na noite de ontem na nossa casa, vem a publico esclarecer que:

  1. Não procede a alegação de que teria havido proteção a um suposto agressor por parte da segurança do GG;
  2. Muito ao contrário, cuidou de promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes;
  3. O Guaiamum Gigante adotou imediatamente as providências cabíveis para resolver a situação, inclusive acionando a força policial e dando todo suporte à vítima;
  4. Esta Casa não tolera qualquer ato de violência ou discriminação contra seus clientes e se solidariza com a parte agredida."

Ainda segundo o restaurante, a Polícia Militar foi acionada, mas chegou cerca de uma hora depois. A PM informou que ao chegarem no local o suspeito já havia ido embora. O caso é investigado pela Polícia Civil, que informou ter sido registrado na Central de Plantões da Capital (Ceplanc), como lesão corporal.

Para o G1, Cristiano Falcão, filho da proprietária do restaurante, afirmou que seguiu o Protocolo Violeta, instituído pela lei municipal nº 19.061 de 2023. Que tem o objetivo de combater a violência e a importunação sexual em espaços públicos como bares, restaurantes e hotéis. Uma das ações determinadas na lei é o distanciamento da pessoa indicada como agressora.

"Ele [o segurança] segurou o rapaz e viu o volume na cintura dele. A gente não pode dizer com certeza que ele realmente estava [armado], poderia ser outra coisa, mas para não colocar outras pessoas em risco, a gente resolveu escoltar ele para fora como manda o protocolo. A gente não pagou para ver", justificou Cristiano.

"Como é que o restaurante, que não tem força de polícia, ia segurar uma pessoa totalmente fora de si durante uma hora? [...] A gente ia segurar uma pessoa aqui dentro, cheio de idosos, cheio de crianças? Poderia ter uma confusão maior", disse afirmou Cristiano Falcão ao G1.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.