As marcas de tiros ficaram por toda parte e os alvos eram policiais federais e agentes de fiscalização que atuam na operação de desintrusão da Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, região sudeste do Pará, retirando não indígenas que ocupam de forma irregular a área de proteção há vários anos.
Segundo a polícia, o ataque aconteceu na noite desta segunda-feira (4) quando as equipes circulavam pelo Ramal Vitória, quando foram surpreendidos pelos tiros. Duas viaturas foram alvejadas por vários disparos, e um agente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) acabou ferido no pé.
Escoltados por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os servidores da Funai tentaram fugir, mas o ataque, considerado orquestrado, cercou as viaturas em três pontos da estrada. Sob ataque, os policiais rodoviários revidaram, após a troca de tiros, o ataque cessou.
Uma das viaturas teve os pneus furados, obrigando a equipe a se esconder na mata até a chegada do reforço. O apoio policial chegou por volta das 19h40, as equipes foram resgatadas e o servidor ferido encaminhado de helicóptero para um hospital em Marabá.
Essa não é a primeira vez que agentes de fiscalização que atuam na operação de desintrusão sofrem emboscadas. Em novembro, uma equipe da Funai e do Ministério Público do Trabalho tiveram a viatura atingida por vários disparos, mas nesse atentado não houve feridos. A operação de desintrusão havia sido suspensa após decisão do ministro Nunes Marques do Supremo, mas a ação foi retomada após decisão do ministro Barroso.
Além das emboscadas a tiros, equipamentos e as bases montadas pela operação têm sido alvos de vandalismo. Na noite do dia 31 de outubro, véspera do prazo final para desocupação voluntária, uma placa recém-instalada que identificava a TI Apyterewa foi alvejada por tiros e posteriormente removida, segundo a polícia, em uma clara tentativa de intimidação.
Pontes que levam a TI são destruídas, e pregos jogados na estrada como tentativa de atrapalhar a movimentação das equipes, o atentado desta segunda-feira está sendo investigado pela polícia federal. Alvo de uma megaoperação, a TI Apyterewa tem uma área de mais de 770 mil hectares, e entre 2020 e 2021 registrou o maior desmatamento da história na reserva. Desde o mês de agosto, equipes policiais e servidores da Funai atuam na retirada de famílias de produtores que vivem de forma ilegal na área.
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