A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu as investigações sobre o acidente aéreo que tirou a vida de Marília Mendonça, equipe e os pilotos da aeronave. Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (4), a PCMG anunciou as descobertas, destacando a responsabilidade dos pilotos pelo acidente.
Conforme a corporação, o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana foram considerados responsáveis pela tragédia, sendo acusados de três homicídios culposos. No entanto, o inquérito foi arquivado devido à extinção da punibilidade dos pilotos, que faleceram no acidente.
A coletiva de imprensa, conduzida pelos delegados Gilmaro Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, juntamente com o inspetor Whesley Adriano Lopes Data, esclareceu que a investigação revelou negligência e imprudência por parte da tripulação, que não seguiu as instruções operacionais da aeronave.
O delegado regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, ressaltou que os procedimentos operacionais da aeronave não foram devidamente seguidos, incluindo a velocidade estipulada na perna do vento.
"E o que ficou evidenciado é que os pilotos ultrapassaram essa velocidade, desrespeitando o manual e saindo da zona de proteção do aeródromo. Qualquer responsabilidade cabia aos pilotos observar. Dessa forma houve negligência e imprudência", disse.
A investigação envolveu dois órgãos diferentes, a PCMG e o Cenipa, cada um com seus objetivos distintos. A PCMG tinha o papel de analisar e apontar a materialidade do crime, descartando diversas possíveis causas do acidente ao longo de quase dois anos de investigação.
"O resultado dessa investigação é com absoluto respeito a todos os familiares, de todos os envolvidos. Sabemos que foi um acidente, mas é uma missão da PCMG apurar. A investigação transcorreu, em quase 2 anos, na busca de descartar várias possíveis causas do acidente, até que se chegasse na causa fundamental da queda da aeronave. Precisávamos aguardar o laudo do Cenipa para descartar qualquer problema na aeronave. O IML também descartou qualquer problema com os pilotos, por meio dos exames. Era uma hipótese mais absurda, um atentado contra a aeronave e também foi descartado", disse Sales.
O delegado regional Ivan Sales também observou que o avião colidiu com uma torre, que não estava devidamente sinalizada. No entanto, ele esclareceu que a sinalização não era obrigatória, mas os manuais de procedimento da aeronave não foram revisados pelos pilotos antes do voo.
Documentos que teriam permitido a identificação das torres e das linhas de transmissão estavam disponíveis, e a aeronave também estava equipada com um sistema que emitia sinais sonoros na proximidade de obstáculos, embora pudesse ser desativado pelos pilotos.
O delegado Sávio Assis enfatizou que, apesar da vasta experiência do piloto com mais de 33 anos de carreira, ele tomou uma decisão equivocada ao alongar a perna do vento para garantir um pouso mais suave. Essa decisão resultou em uma trajetória de voo insegura e contribuiu para o acidente.
O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também apontou que o piloto fez uma avaliação inadequada dos parâmetros da operação da aeronave, alongando a perna do vento mais do que o esperado. Além disso, os cabos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foram considerados um obstáculo para a aeronave.
O acidente ocorreu no dia 5 de novembro de 2021, causando a perda da eterna "Rainha da Sofrência", Marília Mendonça, que tinha 26 anos, na época. Além dela, o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto Geraldo Martins Medeiros, e o copiloto Tarcísio Pessoa Viana, também morreram.
O avião, um bimotor Beech Aircraft fabricado em 1984, caiu na área rural de Piedade de Caratinga, a poucos quilômetros de onde faria o pouso. A equipe saiu de Goiânia com destino ao interior de Minas Gerias, onde a artista se apresentaria.