Chocolate de origem: da floresta para o mundo. Essa é a proposta da primeira fábrica instalada em Altamira, região sudoeste do Pará. A ideia nasceu em plena pandemia do novo coronavírus e fez com que a indústria funcionasse para transformar a amêndoa que vem da fazenda do casal no alimento mais cobiçado do planeta.
Cheiro da Floresta, Chocolate Forasteiro, Chocolate Iriri, Assurini e Capuccino da Floresta receberam os nomes de comunidades da região. Nos ingredientes alta porcentagem de cacau. Os produtos também levam a manteiga extraída do fruto. Essas são as novidades apresentadas durante do Festival Internacional do Chocolate, sediado a poucos metros da fábrica.
Antônio Pantoja é cardiologista e tem uma lavoura cacaueira. A propriedade usa abelhas sem ferrões para ajudar na polinização do cacau.
"A gente sabe que não combina inseticida com abelhas, então, a presença delas são indicadoras de sustentabilidade. Portanto, a gente juntou esse nome Abelha Cacau e aproveitou também pelos benefícios do mel, do própolis, do cacau para fazer produtos com o poder nutracêuticos.", afirma Antônio Pantoja.
A história conta que o cacau foi cultivado primeiro em terras paraenses, e depois, levado para a Bahia que ficou por muito tempo como o estado que mais produzia o fruto no país. Mas o Pará alcançou o primeiro lugar e atualmente, por safra, produz mais de 140 mil toneladas.
A alta fertilidade do solo, melhoramento genético e cuidado com o meio ambiente fazem parte do dia a dia de quem produz na Amazônia o chamado fruto dos deuses.
"O "Theobroma" é uma palavra em latim, "Theo" vem de deuses. E de fato, é uma fruta, com esse potencial com alto teor de polifenóis, são quatorze polifenóis já estudados do cacau que têm inúmeros benefícios da saúde. Quem come cacau, com certeza, estará prevenindo inúmeras doenças, inclusive cardiovasculares.", explica o proprietário da fábrica.
Altamira produz por safra 10 mil toneladas de amêndoas e recentemente milhares mudas de cacau foram cultivadas na Gleba Assurini, a maior comunidade rural da região.
"Ela é uma joia que é lapidada, hoje nós já temos 20 milhões de pés de cacau plantados e logo será a grande produtora de cacau de Altamira.", conta Marconio Paiva, Secretário da Semagri.
A Secretária de Agricultura é categórica. O plano de expansão das lavouras é real para que o maior município do Brasil em extensão territorial também seja um polo com alta produção de cacau de qualidade. Plantio que gera emprego e renda.
Lembra da fábrica de chocolates 100% altamirense? Além de contratações diretas e indiretas desde a lavoura até a indústria. Ela também foi inserida como roteiro turístico para quem chega na cidade ou para as crianças em férias escolares que queiram conhecer o caminho da amêndoa até virar chocolate. O negócio também aderiu ao ramo hoteleiro oferecendo estádia para turistas ao lado da indústria chocolateira.
"A gente tem um trabalho ambiental com as crianças para que elas conheçam a importância das abelhas para o nosso ecossistema, para a nossa biodiversidade. Para que elas também possam entender, como moradoras da Transamazônica, que essa é uma importante fonte de renda.", finaliza Antônio Pantoja.
Mín. 22° Máx. 40°