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Mais de 300 famílias adotam o cultivo de cacau orgânico na Transamazônica

Produtores têm apoio de cooperativas na garantia de renda sem deixar de respeitar o meio ambiente

Raiany Brito
Por: Raiany Brito
15/06/2023 às 13h49 Atualizada em 15/06/2023 às 16h21
Mais de 300 famílias adotam o cultivo de cacau orgânico na Transamazônica
Foto: Reprodução/TV Vale do Xingu

Jedielcio de Altamira, Cleide de Brasil Novo, Jader de Pacajá e Raimundo de Uruará. Esses produtores têm algo em comum: eles cultivam cacau sem insumos químicos e são representantes das cooperativas que surgiram na região sudoeste do Pará.

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"A gente iniciou a conversa em 2005 com a FVPP e também com as lideranças e daí surgiram as cinco cooperativas da região. E o diferencial é esse: garantir renda e também que as famílias migrem do convencional para o orgânico.", afirma Jader Silva, Presidente da CEPOTX.

Respeitar o meio ambiente e garantir também segurança para os cacauicultores. Atualmente são mais de 300 famílias que fazem parte da Cooperativa Central de Produção Orgânica da Transamazônica e Xingu (CEPOTEX) representando 9 municípios: de Novo Repartimento até Placas.

"Hoje nós temos um potencial mercado de cosméticos e também atendemos compradores que fabricam chocolate fino, de origem, chocolate gourmet.", conta Raimundo Silva, Diretor comercial da CEPOTEX.

"Cada cliente tem uma política de desenvolvimento, tem um cliente que quer X qualidade. E tem deles que paga 100% a mais, 50% a mais"

A política da cooperativa vai além de produzir na Amazônia. Significa também preservar e agregar valor em cada amêndoa despachada para compradores do Brasil e até para o exterior. É da Transamazônica que sai a principal matéria-prima para a fabricação do chocolate na Europa ou a manteiga do cacau, vendida para uma grande empresa de cosméticos do Brasil.

Um caminho cheio de desafios. Mas que ganhou norte com a certificação de uma amêndoa orgânica e de qualidade pronta para ser comercializada.

"A certificação é um processo de controle, de rastreabilidade, onde você precisa garantir que esse produto é produzido com um conjunto de boas práticas", explica Jedielcio Oliveira.

"A certificação vem exatamente para validar esse processo. Você tem que contratar uma empresa credenciada no Ministério da Agricultura e no INMETRO, que no caso, é uma certificadora, para validar seu certificado no âmbito nacional. Quando se trata do mercado internacional, a certificadora tem que ser credenciada em uma federação internacional.", complementa.

A família Lunelli cultiva cacau e fábrica o próprio chocolate na mini-indústria da família. "Não é um chocolate feito com qualquer cacau. A gente tem que seguir todos os preceitos da produção orgânica. Por isso que dá um excelente chocolate.", conta Geovana Lunelli.

O produto é apreciado fora do país sendo destaque em um evento internacional sediado em Dubai. Orgulho para os cacauicultores. Cleide planta o fruto e também se prepara para fabricar o próprio chocolate e, além disso, consolidar o espaço da mulher como empreendedora rural.

"Abrindo as portas para a valorização da mulher que sempre esteve na roça ao lado do homem na produção do cacau orgânico, mas ficávamos escondidas, agora, com eles, estamos somando com esse projeto.", disse Cleide Suk, produtora de cacau.

"A gente fez um curso em parceria com SENAI, o SENAR, SEBRAE E IPAM para a produção do chocolate."

São cerca de 900 toneladas produzidas por safra nas 138 propriedades registradas na região. Um número, com perspectiva de crescimento, para o futuro: o fortalecimento de movimentos que produzem e preservam a floresta, com o ouro chamado cacau.

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